segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Barbante

Vi o vento torto, suplantar mudança, onde encontra-se agora?
Comovido faz acabar, pra rimar com dor..
sorte em cena, caminha e acena, pulos altos com passos curtos
valores fortes, princípios certos pra fazer-te entender, verdes pastos fará do tempo, apenas um momento.
Desgaste descartável, salve quinhão delega essa ilusão; será isso a forma mais importante do mercado. Fulano pede paz, algum valor de paz...
vira-se morto, reconstrua o morto, em meio a terra é apenas o que lhe resta

Vaso de plantas, plantas mortas, incrível reação.. faz sua própria adubação.. renasce outra, sequencia do fruto da sua morte
prematura, entrega-se a coçar calcanhar de outra, preso em sua veste servil, cactus é a marca da sua planta rabuja, semi viva..
sabota sua essência, tira férias independência, cosmopolita condescendência... sinta-se em casa, frívola existência.

domingo, 30 de outubro de 2011

O Mar Pela Janela


Já te vi, uma miríade de vezes. Mas por que então agora?

Te sorri e você fingiu. Abrira mão de um pensamento corrente, para tentar se explicar, saber de onde vinham aqueles olhos. Se de uma festa onde acontecera de tudo, se de uma noite mal dormida, se de um dia de pura solidão ou se do nada.
Escolhera um levantar de sobrancelhas, nos moldes de: E aí, vai ficar assim ou vai me dizer o que seja. Você está estranho hoje, não me cumprimentara!

Mas eu não sei o que me dera desta vez!

Nesse vaivém de olhares, como onda quebrando na pedra - engraçado, é a onda que quebra? - aqueles que quando se encontram, se desviam, uma hora me afoguei, não te achei, na multidão que se colecionava, na noite progressivamente menos fria.
E como numa chegada à superfície, de um longo mergulho, arquejante me joguei, às braçadas, no mar dos corpos dançantes.
Te encontrei, procurando meus olhos nos outros tantos. Me aproximei, anulado por teu sorriso, mudo pelo bradar do significado.

Tormenta.

Sem uma só palavra, aspiramos coléricos ares de uma vontade e fizemos tempestade. Na insensatez abluída pelos nossos beijos, pelo reconhecimento, por nossas mãos, de nossos ressaltos. Pelo mar revolto por trás das pálpebras, pela enxurrada da libido. Ais de uma ignomínia sufocado por um querer surgido. Inopinada ilha vulcânica que antes não se via.

Calmaria.

No paradoxo da morosidade que se levou com a fugacidade que se teve, me perco e me vejo, náufrago, perdido. E o cheiro do mar, dissoluto, remete a infância, juventude e mais tudo aquilo que o resoluto ocaso criou e desaguou!

sábado, 29 de outubro de 2011

Significante


Sob os véus de sua inconsistência
Fazes caretas para tuas escolhas
Nas maçãs as lágrimas secas
Do gênesis pecado desta tua bolha

Carinhos novos te fazem comum
Âmbar nas sombras ociosas
Num sol que só acende copas
Copos, desespero, abstração
Entreabrindo cortinas empoeiradas
Re-insignificando, em bocejos, coração

Reis (in: ) Satisfeito


Quero tudo o que não me pertence, porque o que é meu já não me basta. Deem me o Mundo, deem me Gaia, deem me Ela numa bandeja de prata. Me joguem aos leões se preciso - pouco me importa.

Das cinzas do meu cigarro vem me o gosto pouco doce da vida, e como é bom, não? Inspiro e trago pra dentro tudo quanto aspiro, todo oxigênio e grandeza de uma paisagem onde me insiro mas não caibo.

Sim, sou da vida, por mais que ela me negue. Não suporto o peso da terra e talvez por isso, mirando a Lua, queira içar me pra junto dela. Perco, logo insisto.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ADAPTAR

Tudo excede, fumaça, toxico, sua vida, gás, consumir, oferecer.. valer, valor, tudo é jogo.. valorizar, sodomizar, almejar, sentir raiva e medir palavras, livros pra você entender o game, revistas pra você aprender posturas bonitas de vida ... ser humano não é viver, ser humano é jogar, humano completa-se com seu esquema de mexer peças, se auto estimar, criar ícones, mais perto do presente, o sorriso do cavalo para comer suas peças; o bispo, parado, esperando sua chance de cruzar o monte, de ganhar seu dinheiro ou seu amor. Maneirismos, chavões inúteis, carmas sádicos não vão te salvar... no entanto, tudo em vias autorais, pois humano, mais que nunca, é jurar vencer; mesmo não sendo aquele o seu apego, visto que desanimar, rima com uma má jogada. Valorizar determina quem morrerá, manobrar e ser manobrado; ser humano ser estranho... vencerás?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

De poucas palavras


Um beijo é a conversa de duas bocas que falam sem proferir palavra. Quantos discursos, amante, já não se deitaram nos lábios teus, doces pequenas Papoulas encerrando teus risos?

A oratória tua, quanto deleite já não me trouxe pelas papilas macias de teu tapete quente e úmido?


Que seja essa minha cela, e que nela me prenda.Acho que te amo, mas não o digo. Não sei. Amor não se acha assim. Te digo então o que eu acho, ora, e é que amor não se diz: Amor se faz.

Circus


Corro, na ciência da circularidade do percurso!

Concorda sempre porque (a)corda bamba, trapézio, se deteriora. Espetáculo para ninguém ver. Despojos de uma loucura infinita. Fazemo-nos de negação na lona da mentira. É palhaço em chamas numa platéia às gargalhadas. É o malabarista que deixa as lâminas caírem em seu número. A danação do domador de feras, visto sorte, que se encontra acuado num canto da jaula. A morte no globo da morte.
Nos vemos assim, sem expectativas de outros caminhos, sem sombras, brios. A um passo do fim da prancha.

A tentativa é falha desde que você abriu os olhos!

São corpúsculos de necessidades que penetram as narinas vermelhas. É a derme cálida de nossa tez acesa. É o ébrio que aplaude a nossa circense ilusão.
Tudo que fora, de fora a fora, em dimensão, em ganho, se choca com outra coisa que não sei o quê. Que faz diluída a poesia, que consome em ironia a proposição.

E a saída é logo alí!?

Arquibancada vazia, desmonta-se para partir e ser galhofa em outro lugar.
Mas é sempre a mesma audiência, mesma trupe, mesmo roupa, mesmo medo, mesmo tesão. Outra alegria, outra dor, outrossim, outro não.

E ainda dizem que os concordantes não se dispoem!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Regime.

After The Bombs.

Vida moderna, muito tempo sentado em frente ao seu um laptop ou pc.. Insaciável ansiedade.. Torna-se aberração em tão pouco tempo. Inaceitável, indesejado, o espelho é uma luta eterna.

Pra que tudo isso?

Você precisa emagrecer, já! Aliste-se já a essa causa e no final adquira um corpo perfeito.

Chega de te olharem com nojo, com asco. Você é mais, "You Can Do It".

(Aplausos)

(Pausa para o comercial):

Causa Mortis.

Todos perfeitos em uma sociedade magra e bonita, rumo a Asgard! Obtenha também o seu aplauso, seja observado e faça valer a sua existência. Seleção natural, pois é, pois é... Grande sábio positivista, persiste, mesmo após o Anjo da Morte.

Resultado? Você homogêneo, limpo, higiênico e aceitável, nunca saudável (Mentalmente então, nem me diga).

Agora, pense mais um pouco sobre a palavra "regime".

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fragmento - A existência em episódios.

"Sustentável será o dia em que pudermos suportar nossa própria imagem refletida por completo."

Cogito Ergo Sum.

Multidões sem rostos?! Famigerada necessidade conflitante entre aquilo que criamos e o que vemos ao contornar o vazio. E no final? Tagarelamos para preencher com obstáculos aquele peito vazio que habita nossas vagarosas noites. Longas são essas noites... E como o de sempre, o desespero balbucia sobre as peças que a vida prega, à medida que nossas couraças esvaem-se entre nossos rostos que já se emudeceram. É irrefragável a miséria, não obstante a dissimulação...

Em disparada.

Veja e observe a sua carruagem em alta velocidade! Não hesite em observar sua própria pressa, atente-se aos corpos que padecem ao redor, durante o espetáculo de sigilosa competição a qual se acometeram: Eles não podem parar. O movimento é constante... Se cair, levante! Você tem que entrar nessa corrida! Seja visto, junte seus cacos para compor esta alma e acorde! Ela necessita de verdade, ela precisa ser vista, ofereça feeds de você mesmo, ora pois, e porque não oferecer?! Ainda não se convenceu? Mesmo depois de ter sido fuzilado no paredão da liberdade?! Ora, pequena força subjetiva... A era dos gigantes já caducou, somos todos fragmentos.

Liberté? Follow the provincial beat :)

Ops! Disse algo a liberdade? Com todo esse frenesi, não deve ter tido tempo de se explicar. Até onde sei, ela está sendo permanentemente desmontada, sem perspectiva de permanência. Portanto, vamos permanecer em movimento?! E assim por anos, ser nossa catequese, seguindo o evangelho da identidade perfeita, o paraíso do vazio (dis)funcional.

Embora não tenhamos encontrado o paraíso, temos esta projeção, a propaganda que seduz como nunca visto. Escandalosa pela emancipação e desregulamentação, é digna de orações, para que em um de seus bruscos e parciais movimentos seja encontrada a identidade.

Rabuja



Aguardava a minha usual condução passar, rumo ao meu trabalho, quando esbarrei em uma senhora que me execrou por tal feito. Percebi que haviam mais outras duas com ela; eram avó, mãe e filha. As três pareciam ter a mesma idade. Todas rancorosas, manquitolantes e cheirando a roupa de muito tempo guardada no armário.
Lembrei que essas senhoras são famigeradas aqui pelas redondezas onde resido: são mulheres que não falam com ninguém, além delas próprias. E quando a necessidade de dialogar com outro é inevitável, são totalmente rijas e sarcásticas. Além disso, não se sabe mais nada sobre ímpares criaturas.
Odientas pelo acaso, pelo ventre? Não sei! Mas senti um certo calafrio ao me ver, numa consequência, como tais.

Ora, o que há de errado em ser rabugento? É sarna que já não me sai. É parte do meu todo. Sou eu, travestido da ironia da vida.
Será que este é o meu tal fado que tanto minha mãe dizia? Meu filho, assim, deste jeito, vais terminar com ninguém, a não ser que encontres uma pessoa tão ríspida quanto, que te entenda!
Será um mecanismo de defesa que virou a máquina inteira?
Assemelha-se mal humor à tristeza, mas o sarcasmo discorda.
E é tão bom atropelar, as pessoas, neste trem descarrilado, para o que nos cerca. Pois nada é tão verde assim!
Reclama-se por haver de se reclamar!

É prazenteiro ver os filmes do Woody Allen, e os seus personagens - onde a maioria das vezes ele próprio atua - tão reclamantes de tudo, com tiradas geniais a qualquer sentença alheia, sobejando ironia. É boníssimo se reconhecer alí, dar gargalhadas por entender a piada e um sorriso de canto de boca, de alívio, por não se sentir só, nessa grande e única tribo sem acordo, que lê-se: humanidade (ha!).

Minhas opiniões não possuem escudos. Vão de peito aberto, na direção do golpe do ocaso que quer se entender alvorada.
É tudo preto e branco - pessimista? Não, realista! Misantropo? Talvez! - sem o verde, sem o cinza, sem o azul. Mãos coladas no corpo e a velha convicção do carnaval, onde a alegoria quer dizer o que estampa mesmo.
Ainda sou jovem, mas será este, o beijo do destino para quem já deixou de sonhar, minhas três ranzinzas senhoras?
Será?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

NIRVANA


Foda-se a alma, foda-se tudo, foda-se o que você pensa, foda-se o que você come, foda-se o que você quer, foda-se o que compra, foda-se o que diz, foda-se o coração, foda-se a gratidão, foda-se a honra, foda-se consideração, foda-se a vida, foda-se seu deus, foda-se o sangue, foda-se história, foda-se compaixão, foda-se união, foda-se rejeição, foda-se peixe, foda-se gado, foda-se raiva, foda-se amor, foda-se sorte, foda-se coisa fofa, foda-se Paulo Coelho, foda-se vestir, foda-se dinheiro, foda-se essa cidade, foda-se essas pessoas, foda-se o céu, foda-se o inferno, foda-se atitude, foda-se ser, foda-se ouvir, foda-se existir, foda-se morrer, foda-se isso aqui....

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Coro


Porra e como eu gosto!
Mas que coisa é essa que nos aflige? Tudo quanto é ser do-ente se vê, sem querer, assim, incurável. Atrás de soluções para problemas criados por si próprios. Vestindo cicatrizes por medo. Procurando vacinas em nossos gritos.

Voa, filho da puta, voa!
Já quis estar do outro lado para chamar o vício, pecado, e me censurar por amar-te.
Ora, mas que aflição é essa? Ontem já foi presente. O presente que recebe, sucedâneo, novas asas de anjo. O pretérito imperfeito, halo. E o futuro do pretérito que se consome manto.
Ah, querubim maldito! Arrasta-se por não querer voar. Fita com o olhar algo que te é invisível. Claudica em suas conclusões e faz de um momento, abismo. Criando luz aqui, enquanto a escuridão devora todo o resto.

Se o que toca só atingisse a si mesmo!
Num gole de vaidade embriaga-se e encontra a linha tênue entre os seus martírios e sua felicidade. Mas por certo, tropeça, nesta mesma linha, incidindo em novos ápteros, numa sarjeta coberta de penas, já se abrigando - com os seus membros alados - contra os conseguintes que vêm a cair.

E olha que nem são feitas de cera.
Nesse enleio de tantos conflitos, nesse préstito para o fim da esperança, protele os teus passos, certifique-se da circunferência. Pois o mais pacato torna-se fera quando se encontra direção.
E vá com o que ainda te sobra de força. Pois talvez, você me encontre no meio do caminho, sorrindo, por ter perdido totalmente, asas e lucidez.

Entre a meta e a narrativa.


“Nothing is true, everything is permitted!”, dizem os caquéticos. Coexistindo com um forte apelo as sólidas estruturas, a glória, a verdade, ao próprio, a histeria da barbárie contra o cuidado de si, isto é, se houver audácia que assine o “si”, eis o beat provinciano, inclinado (ou rebaixado?) ao figurão londrino ou parisiense.

Se Deus está morto, então tudo anda, em uma fine couche, tudo é permitido. Do perecimento da crítica ideológica a krisis de todo diálogo mercadológico totalizado pelo simulacrum, eis a peça boêmia que foi empilhada (em fragmentos, claro) pela academia: Volátil à medíocre sedução pelo que é simplesmente narrativo, desapercebido pela metanarrativa, sedento pela identifição e (re)conhecimento.

Santificada seja a fabulação! Que transformou furtivamente os clérigos de outrora para os consumidores desta pobre e desértica geração.

Ahá! Mas como um bom pseudo, é sempre bom investir em dicas instantâneas e frases fabricadas, pois "a técnica também é fábula."

domingo, 16 de outubro de 2011

Descobre-se

Nessas horas mais que nossas
Quando minha língua fere a carne
E sem rebordosa, tu descascas
Na autoridade do branco dos olhos
Sonhos antes tão compridos
Se perdem na passagem do gozo

Nos vemos abjetos, por pouco
Tratamos tudo pelos poros
Enquanto as peles se colam
Enquanto os corpos se travam
Nas batalhas silenciosas
De todas nossas injúrias

                 ***


Quando, de assim, não mais guias
Me faço, na recusa de tais beijos
Me interpelando por pútridas vias
E me sugando, todo; o percebovejo

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

JUNTOS, MÃOS DADAS, EM UM MUNDO BONITO!


Você vai ver o que vai comer, pegar, sugar, chorar ou amar..
parte do jogo de viver é torná-lo modus mercantil, tendo a imagem que conduz a algum lugar, com referências fabricando atitude;
Prefiro ver a sua etiqueta demarcadora de bom sensos, espalhando frescor de bom sujeito.
Planejando o adular dos amáveis rótulos, o sujeito aparentemente mais poderoso, a moça aparentemente mais poderosa;
Sapiente, o crente não vê essência, apenas forma consciência coletiva, forma manada coletiva... manobrai-vos, quem os conhece.
Sólido, acanhado, ser humano comum, fraco... lhe resta trabalhar, por conseguinte consumir, viver o de costume...novas roupas, carros, comidas, bebidas e tecnologias, forma-se em status quo.
Sabe-se, em algum lugar, resistirá a mais nobre razão sobre a mais pobre emoção, como em “ à palo seco” , a idade mais próxima do fim da descoberta, 25 anos... é o fim da juventude, resta-nos a resignação, por fim, tirando a razão, vem as velhas distrações, que te farão esquecer de todo resto.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ouro de tolo, Ouro de Preto

sábado, 8 de outubro de 2011

Cura

Vós sois a espada que se faz justiça
A loja de coveniência da minha esquina
A fantasia secreta do meu carnaval

Vós sois o porquê da minha preguiça
O alívio cômico da minha sina
Seus seios grafite, meu peito mural

                     ***
Vós sois o bandido, o mocinho
As periódicas nos bares, lupanares
O cavalo branco de Napoleão

Vós sois o revés, o carinho
O Suspiros Poéticos e Saudades
Desta minha pátria coração

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pain


Seque o seco o secador, foge o cerco o seu amor!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cinéma


A arbitrariedade não me deixaria espectador.
Que estranho, parece que já vi este filme. A claridade da tela incomoda os olhos sedentos por uma cena em que sinta os personagens entregues, para poder se emocionar. 

Eu te amo e nada nesse mundo me fará mudar!
Não vejo sinceridade requerida. Mas, talvez, no olhar de dúvida da personagem. Esse sim me prende. Me parece tão veraz que acho estar transpassando sua atuação.
A dúvida: maldito algoz do amor, maldito algoz de tudo. O purgatório da vontade. A fera de dentro do olhar, na mesquinhez que se espera.
Ela não sabia se queria. Viveu uma eternidade absorta em um pensamento que durou 5 segundos. Jurou que não iria mais ter dúvidas quanto aquilo. Mas as teve.
Dada a lacônica certeza - aquela que você conhece, que se diz certa - dúvida.
Um cigarro ao sair da sala de cinema, numa noite chuvosa - um remédio, após um filme em que você já sabia o desfecho - uma sensação morna no peito, de que precisa tomar uma atitude, no respaldo de tudo que se acabou de ver.
Outra vez. A tentativa de não errar é apenas mais uma tentativa.

Por toda a minha vida!
Na vida, além da corpórea - aquela que te mata - existe a vida da vida; aquela que você deixa nas pessoas, no tempo. E é assim, até não mais lembrarem de você. Até aquela marca, em forma de coração, na casca da árvore, do casal apaixonado, desaparecer. Até o livro que você escreveu ninguém mais ler. Até o prédio que você projetou ser demolido. Cuidamos de uma, esquecemos da outra, é sempre assim, essa balança irregular, onde o roteiro é bom, mas não a execução.

Nunca conheci alguém como você!
"Conheça-te a ti mesmo" primeiro - não sei nem se esse cara existiu - para as dúvidas serem menores que nossas mãos e possamos carregá-las em nossos bolsos; sem produção de lixo, sem mea culpa.

Rebobine.
Isto aqui parece um filme, de locação enorme, num misto de todos os gêneros, às vezes bem fotografado, às vezes não, sem direção, porém, todos sabem no que vai dar.
E as estrelas do universo são os créditos do fim.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dispara(-)te


Vim te buscar. Não se amedronte.
É que li em todos os nossos versos que chegou a hora.
Olhe pra mim. Tire essa mão do rosto.
Eu sei que dói, mas agora este é o nosso mundo.
E os olhos de quem se viam sempre a julgar, estão turvos, nas lágrimas que se confundem com os pingos da chuva, que lava esta noite, que nos revela um.
À socapa deixe suas vestes, para não alardar sobre suas pretensões - eu sei que dói. São calos nunca antes pisados. Mas me deixe te conduzir, pois por aqui existem muitas pedras. E muito cuidado com o limo presente nelas. É que aqui passava um rio, que sempre foi o mesmo, não importando quando se olhasse. Até que um dia ele passou, secou e eis então você. No contraponto de uma fluência. Na contraluz de uma essência. Nós mudamos, todo mundo muda! Estamos todos em tubos de ensaio, prontos para nos tornar um paliativo qualquer. O ruim é quando nos tornamos placebo.
Eu sei o que te (trans)torna (n)a minha presença.
Eu sei que não é fácil, que parece sortilégio. Mas está na hora de apagar esta luz e deixar os nossos sóis brilharem por suas próprias contas.

Eu sei que dói, mas, o que mais dói é não se deixar doer.

domingo, 2 de outubro de 2011

Espaço "PIMBA"