terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dispara(-)te


Vim te buscar. Não se amedronte.
É que li em todos os nossos versos que chegou a hora.
Olhe pra mim. Tire essa mão do rosto.
Eu sei que dói, mas agora este é o nosso mundo.
E os olhos de quem se viam sempre a julgar, estão turvos, nas lágrimas que se confundem com os pingos da chuva, que lava esta noite, que nos revela um.
À socapa deixe suas vestes, para não alardar sobre suas pretensões - eu sei que dói. São calos nunca antes pisados. Mas me deixe te conduzir, pois por aqui existem muitas pedras. E muito cuidado com o limo presente nelas. É que aqui passava um rio, que sempre foi o mesmo, não importando quando se olhasse. Até que um dia ele passou, secou e eis então você. No contraponto de uma fluência. Na contraluz de uma essência. Nós mudamos, todo mundo muda! Estamos todos em tubos de ensaio, prontos para nos tornar um paliativo qualquer. O ruim é quando nos tornamos placebo.
Eu sei o que te (trans)torna (n)a minha presença.
Eu sei que não é fácil, que parece sortilégio. Mas está na hora de apagar esta luz e deixar os nossos sóis brilharem por suas próprias contas.

Eu sei que dói, mas, o que mais dói é não se deixar doer.

3 comentários:

Unknown disse...

Indolentes por opção são os mais preocupados, o máximo dos contra - sensos.

Mademoiselle dans les nuages disse...

Que bonito isso! Escrito com tanta veemência, vontade, verdade.

Lilla Mattos disse...

"Eu sei o que te (trans)torna (n)a minha presença" achei muito foda isso, e morri de inveja por não ter inventado antes... hahahahah!
show!