quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SAÍDA PELA JANELA


O tempo esta passando, não finja, perceba-o consuma-o; pelado na calçada; bêbado cosmopolita, sempre livre com saídas fechadas. O velho verbeja a desaguá em mais um mar de falácias sendo escravo do tempo, topejaras vias mil te acho, te mato; eu sairei daqui, viverei consigo, comigo, perdendo aquele folego, sem janelas para oxigenar o paralelo, ache sua meta mas que merda, qual seria pra vida mediana ser digna no contrapasso de inventos, ao menos intensos, vívidos caminhos a te ligar, será?.
Reveja parâmetros de gloria seus alvos, dorme agora, enebriado melancólico, prédios, muros, escolas, faceboock, dinheiro, londres, hype, situacionistas, bukowski... ninguém o salvará.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Projeto


Toda a tecnicidade que tenho nada me adianta. De que me serve o que não tem sentido? Aquilo que trago em meu peito, escarro e assim me parece muito bom. Jogo com ela e com todo o mais, pronto, bacana... Estou aqui e me parece ideal. Se me engano? não, não creio. Porque deveria ser diferente? Amem a minha prosa, meu verso rasgado, minha agonia de estar preto no branco e, assim sendo, estou satisfeito. Signifca essa porra toda alguma coisa? Jamais saberemos antes do fim. Fico no meio (lugar comum) de tanta coisa dita apenas e somente apenas por não ter ainda a consciência de quão longe chegarão as projeções daqui. Não que de fato me importe. Se bem que, de fato, outrossim não me daria ao trabalho de externar tamanho lirismo. Não por gozar de estar onde estou, mas porque não sei ser mais do que eu posso agora. Dou o que tenho, e o que tenho então a dar é bastante. Será mesmo? ah, que importa?! Fecho meus olhos e lá fora há barulho de chuva: cá dentro, não. Um dia hei de olhar pra trás e rir me de tanta inocência. Se hei de sentir falta de tanto quanto pra trás ficou, isso sim é coisa que só quando estiver além devo saber melhor. Melhor, assim, não sei se quero. Não que faça tanta diferença. São só palavras, imagens distorcidas . De perto não se percebe o tamanho que tem tudo isso. Mas sei sempre que tudo que tiver a dar, darei. Seja a você, parte indissolúvel de mim hoje, seja àmanhã, parte de você que a mim ainda não coube. Eis aí o foco onde, por fim me encerro.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DIVE


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ser-tão de você



Um dia desses, dentro de um transporte público, um metrô para ser mais exato, um senhor sentado a minha frente, vira-se para mim e diz: - Preguiça de escovar os dentes quando se está com sono, prestes a dormir.
Achei aquilo fora de contexto, pensei ter perdido algo, então, me prontifiquei a lançar a velha expressão de indagação: - Hã?
Logo ele veio, animado por eu ter dado atenção ao que queria dizer: - Preguiça de escovar os dentes quando se está com sono, prestes a dormir. Todo mundo tem isso, não é?

Eu:
- É, tem sim! (Concordei, assentindo com a cabeça.)
 
O velho:
- Poxa, mas nenhuma preguiça era igual a da minha amada!
- Eu dizia para ela: Vai dormir e se esquecer de escovar os dentes, hein?!
- E ela sempre me respondia: Deixa isso pra lá, depois eu vou, me abrace agora.
- E esse abraço era o melhor do dia inteiro. Parecia me proteger de tudo, sabe?
- Ah, como amei aquela mulher!

Eu:
- O que aconteceu com ela? (Perguntei, já totalmente imerso no mundo daquele macróbio.)

O velho:
- Ela foi embora!
- Me deu meia dúzia de palavras de satisfação e partiu. Disse que eu não entenderia!
- Como eu não entenderia?
- Amei esta mulher e continuo amando-a!
- Como não entenderia?

Eu:
- De repente ela se percebeu não te amar e resolveu terminar tudo antes que as coisas ficassem piores para os dois! (Eu sou uma péssima pessoa para se desabafar, mas o grisalho indivíduo pareceu não se importar com isso.)

O velho:
- É, talvez!
- Mas será que ela não me amou, nem um pouco?

Eu:
- Quem ama, ama. Não existem proporções!
- É uma coisa só!
- Ou ama-se ou não!

O velho:
- Mas aquele abraço me dizia tanto!

Eu:
- Dizia o que você queria ouvir ou o que realmente significava?

O velho:
- Não sei!
- Acho que o que eu queria ouvir!
- É estranho eu encontrar respostas, aqui, em um jovem que eu não conheça!
- Isso só mostra o quanto sabemos da vida: Nada!
- Eu poderia jurar que viveria eternamente com aquela mulher!
- Hoje eu a vi, do outro lado da rua. Vi com olhos de ira, dor, alegria... um compilado de todas as emoções, sabe?
- Ela me viu, se aproximou, nada dizendo, me abraçou aquele abraço, o da preguiça de escovar os dentes, e me disse: Um dia você vai entender!
- Eu sou senil, estou próximo do fim e ainda não entendi!

Eu:
- Você deve estar revivendo tudo agora, não é? (Ávido eu, a tentar saber o que se passava na cabeça daquele velho.)

O velho:
- Sim. Parece que eu estou num deserto, numa aridez terrível, onde a todo tempo as miragens dos oásis me vêm embair e minha sede só me arranca a lucidez!
- Todas estas miragens possuem o mesmo nome. A salvação inalcançável. Todas elas se chamam... Opa, é aqui que eu fico!
- Está é minha parada!
- Adeus meu jovem e obrigado pela conversa, por ter me ouvido. Obrigado mesmo!

Eu:
- Ok, mas e o nome da mulher de sua vida? (A curiosidade gritou por mim naquele momento. Ele não poderia ir embora sem me dizer o nome da figura tão emblemática. Precisava de um título para a imagem que construía em minha mente.)

O velho:

- Ah sim! O nome dela é...

Ele disse, nome e sobrenome. Aquilo me foi um golpe sem medida, me atordoou e me prontou estático, afogado em perplexidade.
Sem reação, vi a porta se fechar atrás daquele idoso ser que acabara de me jogar uma bomba no colo, não sei se de propósito ou se por acaso.
E o metrô seguiu o seu percurso, como o sangue latejante em minhas artérias estupefatas.
A imagem é edificada em minha cabeça. Mais patente, impossível.
O nome que ele revelara era o de minha mãe.

sábado, 19 de novembro de 2011

Sobre a Partida

A saudade é a voz de um sabor que não sai do palato.

Quantas vezes contara os passos que darias para chegar até aqui?
O receio é patente maior. O desejo, amante. Tentamos em outros traços traçar outros caminhos. Mas somos duas retas, meu bem.
Deixa a boca, então contar por nós. Deixa os olhos se negarem como algozes de uma promessa que fica prometida. Deixa o sangue correr quente, enquanto nos atrasamos para o futuro. Enquanto a solidão nos pretende.
Partamos, então em nome de alguma coisa que não sei o quê. Que faz de mim criança birrenta. Que faz de nós impelidores de uma vaidade.

C'est la vie
A vida, ao passo de sua grandeza, reservou um pouco de seu tempo para nos saborear. Paladar que vicia. Aquele que escorre pelos cantos. Aquele que não há rédeas. É feito droga. Usualmente, procura e aspira com todo fervor para tentar entender o que se passa.
O que dilata delata o imprescindível. E no meio de tanto suor, saliva, pálpebras e suspiros, vê-se aluna, expectadora do sublime: O que não se pode ter por querer. É ter sem se ver. É sentir. É abrir um embrulho de presente sem saber o que há. É deixar-se ganhar para ser vencido. É abraçar sem precedentes; esquecer dos pesos dos ombros e deixar os ouvidos para a respiração. É imitar o andar como brincadeira. É saber exatamente o som do arrastar daquelas sandálias. É saber a hora da boca, a hora da língua. É ter vontade só de olhar.
E numa abstinência forçosa somos transformados pela vida em hesitação. Pois a distância é instância para o que não se conhece. E ela vai querendo fazer de nós passado.
Pois somos duas retas, meu bem. Mas saiba que as retas se encontram no infinito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Prisão Sem Muros


 Na casa assumida pela rotina virulenta do teu pensamento o criado-mudo é o que se destaca. Na solidez do teu silêncio, brada, ele, pelos logos engolidos por suas gavetas. Ironicamente, este é posto ao lado da cama, onde mais habita você que é, completo letargia. Como pó que o vento insiste em carregar, num bailado circular, na rarefação do que acha ser rota.
Os teus olhos se bastam em seguir as pessoas, lá fora, com suas maletas/muletas cheias de incertezas, ambições e papéis que tão muito deles, tão pouco fiéis. A brincadeira de ser deus já não cansa mais nem as pernas.
Periodicamente, na tua janela, procura teus muros; a sustentação desse universo insustentável. Passa a viver do mito, travestido maldito que se estende no escrito, com um medidor moralista nas mãos. Na linha do teu bem-estar, sublinhada, consoante aos teus gritos debaldes, entrelinhada à tua verdadeira essência vogal. Todas fagocitadas pelo mesmo criado, criado para ser mudo.
E o que rodeia gira e te faz água sem moinho para mover, faz querer sem desejar; aglutinado ao que todo o mundo já escreveu em tua carne, não te excitando nem a passar do limite que divide a rua do teu quintal.

domingo, 13 de novembro de 2011

Palavra


Palavra atirada abala,atinge, fere e quando lançada, não volta atrás. Por mais que seu Eco desapareça no tempo, seja a boa palavra ou qualquer uma outra, uma vez mirada no coração não se perde ou se perdoa.
Lhes dou minha palavra mais que de homem, palavra de Poeta.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Soneto dos Reis

Sou negro sem querer
Sou poeta por fado
Sou tristonho, galante
Definido no falo

Feito à força sereno
Inaudito gigante
Nunca o amor mais ameno
Sempre pontual amante

É viver uma África
É o futuro arte intacta
Pretensões? Umas mil

A mucama o pariu
A sinhá o inducou
Casa amada Brasil

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sexta


A campanhia tocou.
Como nunca recebeu visitas, nesses dias, a essas horas, achou estranho. O porteiro não avisou quem seria, logo, imaginou quem fosse.
Abriu a porta:

- Oi!

- Oi!

- Como você está?

- Nada bem e você?

- Eu estou bem!

- Como assim você está bem?!

- Estou bem. Ora, não fora isso que perguntara?

- Mas, eu não estou bem, por sua causa!

- Isso quer dizer que eu precise estar mal também?

- Ao menos, depois de tudo que me fizeste!

- O que eu te fizera?

- O quê? É sério que me perguntas isso?

- Sim, pergunto, por quê?

- Tu acabaste com a minha vida, fizeste dela um solilóquio perene, nivelou minhas preferências por cima e agora ninguém mais me apetece. Não te sentes nem um pouco mal por isso?

- Porque deveria me sentir? Souberas o tempo todo como eu era, mesmo assim quis tentar. Fora bom durante algum tempo, mas cansei.

- Cansaste por que, se te dei de tudo? Amor, atenção, carinho, doses medidas de desprezo, sexo, um homeopático ciúme e tudo mais?

- Mas quem disse que fora assim que eu sempre quisera?

- Então quer dizer que dependeu de mim, a longevidade do que vivemos? Onde eu errei?

- Não souberas aproveitar a ocasião, estivera ciente desde o início até onde isso iria, deixara bem claro. - Se preocuparas demais com o futuro e esqueceras do presente. Agora tudo isso é passado!

- O que vieste fazer aqui, então?

- Vim saber se estás bem!

- Já viste que não estou, não é? Por que não parte agora, não só daqui, mas em mil pedaços e suma nos quatro ventos?!

- Mas, vou deixar um pedaço, eu sei; e você o manterá, eterno, alimento.
- Só para completar o que eu dissera: você acha que fizeras o que deverias para manter-me contigo?
- A sua atenção fora silêncio. Não houvera diálogo, uma troca de sabores, não houvera completude um no outro. Não encontrara, em você, o que me transformaria, no melhor que eu poderia ser, como dizia Quintana. Não tivera isso, e sim, coisas superficiais que desembocaram num querer ralo, longe da profundeza do que aguardo.
- E o sexo fora bom, admito, mas o seu oral nunca fora lá essas coisas e eu odiava quando chupavas as minhas orelhas.

- Tu, realmente, vais, daí, dessa sua beleza imponente como uma pintura renascentista, me jogar tudo isso na cara?

- Foi tu que perguntaras. Só vim ver como estás. Porque te gosto. És muito importante para a minha vida!

- Se sou, não deverias me fazer sofrer tanto!

- Mas o que te farias não sofrer?

- Voltar pra mim!

- Mas se eu voltar, sofrerás ainda mais!

- Não me importo!

- Mas eu sim!

- Por que veio, afinal?

- Quis te ver, saber se estás bem!
- Adeus, então!

- Adeus?

- Adeus!

Observou da janela, ir embora, tudo aquilo que intitulava ser primazia. Mas fechou os olhos, por descontentamento, e não viu que, lá embaixo, olha-se para trás, para o seu apartamento. 
Ele não viu que aquele olhar sublevava tudo o que ela havia dito. Não viu e deixou passar que naqueles olhos estavam o medo e a expectativa.
Mal sabiam o destino que os aguardava caso se entreolhassem. Eu sabia. Eu sei, pois, fui eu quem os inventou. Sei quem sofreu por não ver a amargura esperada. Quem sofreu por saber que logo esqueceria.
Sou o deus deste meu pequeno mundo de duas pessoas e em minha onipotência escolho o fim. Eu escolho quem é pilatos, quem é cristo. Este é o meu universo.

Então, foi-se embora, embora quisesse ficar.


Doravante, a partir da alvorada, isto aqui será o meu shabbat.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reconstitui-se.


Roubando de si mesmo.

Ora, por que não roubar de si mesmo, então? Nesta última e possível sinfonia de modernidade: Plágio, ao invés da criação. Plágio de si mesmo, retorno eterno (vice-versa), correndo em volta do próprio corpo, ateando fogo contra a própria mente. Nessas conversações e guerrilhas consigo mesmo, poderíamos desalojar nossas falsas certezas?! Sim. Roube de si mesmo e investigue-as se puder, até cansar. Se não sustentar, caia! Até conhecer a dor de perto, pois somente quem caiu pode contar os infortúnios e os perigos a que se encontram expostos - O momento da queda.

Subvertendo.

Surge! Urge! Grita! Ao invés de buscar as formas puras expressas numa única idéia, atente-se para as miríades de detalhes da sensibilidade; ao invés de buscar contemplação ao sol, divirta-se com as inúmeras possibilidades do teatro de sombras no interior da caverna. Eis que a subversão toma-lhe a existência do alto, distância vertical da ironia que insiste essa absurda hierarquia, e apreende novamente em sua origem. A ironia eleva e subverte; o humor faz cair e perverte.

Observe que ela, pobre subversão, está de joelhos diante o cogito da mercadoria. Ela se sente pequena - já sabemos - e tão só diante de tantas outras potenciais alimentadas pela promoção comercial que se apropriou dos termos "conceito" e "criativo". Por fim, se ela chegar a morrer, pelo menos iremos rir. - O momento da análise.

Era uma vez...

Um criminoso que disse em um momento de grande transcendência contra a própria vida: Uma vida não contém nada mais do que virtuais. Disse ele que a vida é composta de virtualidades, acontecimentos, singularidades. Seria esta?

Criminoso este que modificou a forma de analisar o desejo, de pensar, de (pós)estruturar. Ainda acredito nesta verdade, neste legado, por mais platônico que possa aparentar (blé). Haverá um dia em que não irei destruir tudo de novo, eu sei.. Mesmo que martelando posteriormente pelo apêndice do erro irei avaliar o seu belo busto de bronze, contemplando a beleza em seu mais íntimo refúgio.

É tudo o que desejo. O caos reforma a ordem. - O momento da ressurreição.