domingo, 18 de dezembro de 2011

Hospício

De tudo que é vida e são, somos nós os donos da loucura?

O que é isso que vejo refletido no que a luz projeta para mim senão a sombra de algo que sobressai, atrai como ímã, vigora por todos os espaços e canta maldito por todo este ser?
O que é que me faz escopo de uma soma de covas rasas? Que me lambe a face fria de olhar distante? O que é?
O curso d'água é imprevisível - insípida, mas tem olor, corrompe e alivía a sede como nenhuma outra coisa - e o barquinho de papel - essa nossa frágil certeza - não tem direção.
Acho que isso vem um pouco do moço instante que pari sempre o inesperado e se aproveita da força que têm estes preceitos impolidos, para se ver no altar, batizado, pela mesma água.
Que lei da atração é essa, incoerente, de barbas de molho para o que lhe é intento?
Vem tudo por culpa, por medo? Ou pelo simples fato da vinda?
Parece até brincadeira. Uma peça de mal gosto que aviva o sonho aflitivo de ser eterno ecrã da vida perspicaz. Quando o doido é a comicidade.
Mas vou indo e vindo, no vário da insanidade que sempre arruma um jeito de seduzir.
Pelo simples motivo de ser simples, danço no salão lotado por meus fantasmas, me sentindo seguro por reconhecer aquilo como real.
De rompantes em rompantes me moldo e me vejo louco também. Viajo léguas, em busca de encontrar novamente, para logo depois se ver livre desta loucura. E começar tudo outra vez.

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