sábado, 25 de fevereiro de 2012

Que Sobre!

É até lógico pensar na tua fome. Mas é mais lógico ainda pensar que não comes.

Quando parti, como foi tudo pela janela, beijos defenestrados não nos faziam entender a vida além dos muros e a distância entre nós era o passo da nossa insegurança. E por intermédio de calos, batíamos, para manter a circulação, para os fugazes sentidos tentarem se encontrar dentro dos punhos da tal razão.
Vivíamos nós, equilibrando-se sobre as linhas tênues das nossas pretensões. Mó despedaçando lençóis, exasperando sonhos. Éramos tu e eu, querendo andar com pernas alheias, fazermo-nos instante e revelar, como nunca antes, o nome, o gosto, os dentes e o fogo que arde súbito, mas queima perene. Je ne sais quoi de uma história.
E na corrosiva vaidade ia te achando inteira, minha parte. Partindo do princípio que és parte.
Mas agora estou voltando! E quero que venhas, assim mesmo, de alma arredia, espírito cansado, sem pesos medidos ou sinais retirados. Para que Baudelaire se refaça sobre os mal-entendidos. Para que patente seja virtude deste nosso lado. E que de partes, finalmente, sejamos tudo.

Quando o silêncio da praça e os seus arautos incrédulos é o mesmo da tua cama.


2 comentários:

Mademoiselle dans les nuages disse...

Ah, o eterno retorno, sempre na esperança de um novo!
Como sempre, muito bem escrito. Achei este mais suave.
Obs: Você podia começar escrever romances.

Victor Coelho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.