sábado, 3 de março de 2012

Crescido

Meus delírios já não passam de uma febrezinha!

Na fresta da porta entreaberta via-se luz, aurora, coisa que acalentava as noites púberes de sonhos e incertezas que se faziam certezas na convicção do que se era sem ser. Era luz baixa, de vela acesa, que iluminava sem nitidez, soporífera, onde se execrava o chão sem mesmo tocar. Injúrias à terra erosiva da lua.
Mas doravante e insofismável, porta aberta está - completamente - e não se sabe dar sinônimos à esse clarão. E já não falha o gosto de chão, que no horizonte já se embaralha com o céu.
Isso é artifício do tempo que é artimanha do fado que se dança com os malditos vícios - escapismos - pendurados nas costas. E dói. Pisa-se em expectativas como papel. E a felicidade toma formas espinhosas. Tudo é falta, não sobra.
Mas esse é o caminho natural das coisas, certo? As invariáveis subversivas já não passam de nostalgias em mesa de bar. E tudo aquilo que fora referência não anda um centímetro nas estantes.
O velho é o novo. Aquela conversa maturada de "quando tiveres minha idade" vai se fazendo presente, tomando corpo, o teu.
Agora o desejo é não se ver só, numa caixa de vidro, aconselhando a juventude de que aquilo é passageiro como o trem que se precisa pegar para o trabalho.
O que se espera é alguém com um beijo de primeiro encontro e o abraço mais robusto do mundo - firme como o quê? - Que alivía o azedume do dia, interpelando, em juras de amor, como o mesmo fora.
Assim, a dança vai ficando menos dolorosa. É para quando a música parar. 

Bem que vovô me falou!


Um comentário:

Unknown disse...

"Seja lá o que funcione."