terça-feira, 25 de setembro de 2012

Álcool


Outro momento... me deparo com esse gosto, é desalinho, em entre cortados caminhos perfeitos por inexatidão, que sempre deixam de existir em algum momento.
Todo caso, vejo esses dois correndo. Trechos dessa aventura sinuosa por satisfeito sadismo, controle e descontrole. Trago ou estrago, o som, essa música, o povo, a indústria, o rico, o pobre; todas as veias por de fora dessas castas, amargo temor da conclusão exasperada, meio manobrado. Respira-te mais algumas vezes, sempre que for caminhar por esta superfície, ela contempla o humor. Você não pode deixar de existir.
Querente de muitas ideias, irrigando as mesmas, me faz saborear-te, afinando os sentidos. 
Perto, o caos, em tórridos passeios por sentimentos pasteurizados e em festas de muito luxo. Este, serei eu, um dia, mais comum que hoje. Mais sóbrio que ontem.
Em algum pálido momento, vou lhe dizer, dizer o que senti por ter você aqui, próxima ao meu fígado.

domingo, 23 de setembro de 2012

Carta aberta a minha Amada



Vitória, Presente meu


  Depois de passados 26 anos de você, aninhado em teu seio, percebi que sim, te amo. Mas existem outras tantas de você, outras tantas das quais me privei, em princípio , por seu amor.
  
  Existem muitas outras iguais a você. Decerto não com suas marcas de idade ou sua estrutura óssea, sua experiência ou o cheiro sujo do seu sexo e senilidade intrínsecos. Mas há muitas por aí, com tanta ou quem sabe mais beleza, curvas e reentrâncias se banhando ao mar e curtindo ao Sol. Todas muito cativantes, mil memórias não vividas de doloridos gozos e outros mistérios os mais variados.

  Só hoje percebo o quanto fui pueril em prender - me a ti, como se os sentimentos forjassem grilhões e não laços, raízes e não ramos. Vendo meus amigos, sei que muitos deles sempre te olharam com desconfiança. Nunca puderam te enxergar como eu, porque afinal nunca te amaram como te amo. Não te conhecem pelos meus olhos. É que amam eles amiúde, promíscuos como os amigos são.
 
  Se hoje beijam mineiros lábios, amanhã já se deixam encantar por catarinenses verdes íris, transladando todo afeto sem jamais direcioná - lo a outro lócus que não seja o externo. Devo admitir aqui que os invejo por isso. E admito também que é hora de mudar, pois se de algo realmente sou carente é de me alijar. É duro, sei, mas devo  me emancipar. Ouço alguém cantar que "é necessária a nova abolição" e faço coro. 

  Parto doído sabendo que no entanto sempre terei em teu riso de mulher meu Porto Seguro, minha rosa dos ventos a nortear os passos meus. E onde quer que ande, aonde quer que eu vá, será sempre a você que sentirei na pele, sempre o teu cheiro que estarei sorvendo indiferente do jardim. Mas hei de provar outras delícias e descobrir novas geografias. Sei que ao voltar te encontrarei a minha espera, c'os braços abertos e o hálito frio que tão gostoso me arrepia a pele. É que me chega a hora de sentir na língua outro mel e outro leite. Mas sigo sempre seu

         
                                                      Amante

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Soneto do Elefante


                        

                                                        Grande, espaçosa besta
                                                        Olhar cansado, velho
                                                        Na mente, sujo e belo
                                                        Vila num fim de festa
                                                        
                                                          
                                                        Onde vagou sua fúria 
                                                        No passo manso e curto
                                                        A pata sobre tudo
                                                        Todo estertor, lamúria
                                                        
                                                        
                                                        Qual desvairado Mouro
                                                        Toma gentil o espaço
                                                        Tornado estéril, morto
                                                        
                                                        
                                                        Traz na memória impressa
                                                        Forjada a tristeza
                                                        Essa cinzenta massa


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Jovem incoerente





Por trás desta espera, não observo, sempre se desfaz neste esteio regresso, a palavra doce eivada em dilema, em ser o astuto, em obter o previsto. Quando o tempo estica os prefácios, o terreno desatina-se em erosão, aquecendo as palavras em berço oco.

Hoje, é mais um tempo, viciado dilema, quando parecia seguir, eis que apresenta-se pobre novamente, quando ha(via) estreitada juventude, angústia o deixara perdido novamente.
Sucesso quando jovem. Perdido como um velho.

Passado o sucesso prévio, me vem a mente uma mística anti-horária, perfazendo os sintomas de envelhecimento ativo, com membranas intuitivas, revestidas por barro e pavês de papel.

E esses caras que vocês enxergam grisalhos, não fazem parte desse arado fértil, independente disso... são elos andrógenos de um mesmo pires, escorregando mais algumas vezes.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Malandragem entrevistada #1


Entrevista com o Seu Anacleto; boêmio, pandeirista paradoxal de antigamente, catador de lixo e amante de variantes proverbiais.

    1. M.I: Pra começar, qual sua idade neste momento?
      Seu Anacleto: (Acende um cigarro, dá uma baforada...) Rapaz... i have 6 ponto 9.
      M.I: Acredita no Capeta?
      Seu Anacleto: Gato escaldado tem medo água fria, né.
      M.I: Po, é verdade que o senhor oferece cigarros, da marca Plazza, para pessoas frequentadoras do universo em desencanto, em vitorinha?
      Seu Anacleto: entre comer e beber, eu prefiro fumar.
      M.I: O senhor participou dos melhores movimentos esquerdistas do passado. Como um velho boêmio enxerga o cenário da política atual?
      Seu Anacleto: Jovem...(pigarreia) em terra de cego, quem tem um olho é rei. To cagando e andando.
      M.I: E esse samba bonito, com uma galerinha indie, que rola nesta pequena ilha; passado e futuro se encontram?
      Seu Anacleto: Quem pode pode, quem não pode se sacode, meu filho. Bato meu pandeiro e toco meu barraco... nada sei... dessa juventude metida a sebo.
      M.I: Pra terminar... Acreditas em dinheiro ou em Deus?
      Seu Anacleto: Rapaz... quando a má fase aperta, qualquer barbante vira corda.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Assim Caminha a Humanidade...



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sábado, 8 de setembro de 2012

Pedra Angular




De porto e mel germinado, quando infante todavia eras, sequer criados do barro erámos nós. Já nos guardava do alto, dividindo os ventos e divisando os astros quando avistaste a primeira estrangeira nave.

Nossos selvagens gritos ouviste, impassível; assistiu dentre nós os mais bravos a reconquistar seu espaço, se reerguendo quando pelos intrusos derribados. Ressurgiam entranhados em luzidio adubo. E era então a dureza do osso estampada no mais tenro holocausto da carne. Ressurgência árida de estranhado canibalismo.

Loiros como anjos e ambiciosos como o Diabo, como homens somente conseguem, arrotaram trovões e ergueram muralhas, fortes a te emular. Ora, bastaria um guspir de Netuno para que caíssem, castelos de areia que são, Morena rocha de Sol tingida, altar primitivo de nossos pais em sacrifícios entregues aos mais torpes Deuses.

Desenhar - te com letras pudesse e gastaria o poeta todos os dicionários, bíblias e Alexandrias. Certa vez sorvendo a baia, buscamos estreitar os braços, como se num abraço da gente coubesse. Mas não é possível, Colosso, monumento calcário a lembrar nossa infinitesimal pequeneza de homens, solitude infinita de ilhéus.


*      *      *


 Mil linhas mais ousasse eu traçar e inda assim não poderia toda tua sina cruenta conter, megalito Atlântico, doce e tosco obelisco sem pontas. Cozido em pardacenta olaria, se não profundo por sua geografia, sê em sua poética, qual minas de sal e coral selando a saga tua.

 Menir esculpido do sangue da terra e as ondas lançadas num jorro de gozo. Ali brotada a semlhança da natureza criadora, com rigidez de monolito e solenidade de tumba. És Plácido porque invencível, precioso porque invendável,pedra bruta, minério, pirita.

És Monstro marinho a repousar no leito onde deitado é velado por seus vales irmãos. Ainda que nada ou ninguém te possa partir, vejo nos veios congelados de tua mais perene base refletidas minha face e minha gente, cintilando sorrisos sinceros como quem paga em silêncio a acolhida e o afeto de um ente querido.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Espaço Youtube



 
 
Qualquer coincidência é, Merda, semelhança.