domingo, 6 de janeiro de 2013

Por Mais Forte Que Seja

"Você tem medo de deus?
Não, mas eu tenho medo de você!"


Esse diálogo se põe logo após um intercurso sexual:

 - Hoje é ano novo!

 - Feliz aniversário, Mundo. Exceto para algumas culturas como a judáica ou a chinesa, por exemplo.

 - Nossa, como você é insensível!

 - Insensível, eu? Você se esqueceu de quando caminhávamos durante 15 minutos quase todos os dias por um ônibus à beira-mar por conta da vista?

 - Eu é que te forçava a ir comigo. A idéia foi minha!

 - Não importa.

 - Claro que importa! Vamos dividir um cigarro?

 - Eu não fumo e tu sabes disso.

 - O dia está lindo lá fora!

 - Lindo? Não compactuo com esta tua filosofia aristotélica.

Ela põe os cabelos atrás da orelha como quem se prepara para uma guerra certamente desacordada com as convenções de Genebra e Haia:

 - Você nem reparou que cortei os meus cabelos!

 - Não. Seus olhos precisam de legenda neste momento. Qual o seu problema?

 - O meu problema é o teu estado abúlico e evasivo!

 - É que o mundo não acabou.

 - Parece que o cinismo te abandonou por um instante! Você realmente acreditou nessa profecia antiga?

 - Não. Acredito no fim quando não mais houver tão bela distração como este teu corpo vivaz. Mas eu tinha uma parva esperança de como quem sonha com um brinquedo que o pai não pode comprar.

 - Eu te amo!

 - Não. Eu te amo. E acho que esse é o problema.

 - Como assim?

 - Talvez seja a diferença de idade, mas nunca me amaste.

 - Como não te amo? Sempre nos imaginei pelas ruas com os nossos filhos em bolsas canguru!

 - Suas expectativas românticas parecem tiradas de filmes e livros ruins.

 - Quanta jactância!

 - A beleza é vista com a fé que não possuis.

 - De onde vem tanta indocilidade?

 - 23 de junho, presumo.

 - Ah, esse maldito dia! Já não havíamos esquecido isso?

 - O ser humano parece se empenhar mais quando o projeto é a destruição. Uma vida para construir, segundos para destruir.

 - Já te pedi desculpas. Viramos essa página!

 - Não quando casas com outra pessoa.

 - Tem razão. Nos veremos outra vez?

 - Não serei teu amante.

 - Dispensamos os adeuses?

 - Sejas feliz.

 - Não serei!

Quando o relógio em cima do criado-mudo parte o dia ao meio, ela parte com tudo que antes fora inteiro e seu pensamento mais recorrente é sobre a prestação que quitará a casa de praia para o veraneio.

http://eumechamoantonio.tumblr.com/


Um comentário:

Anônimo disse...

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