quarta-feira, 26 de junho de 2013

Inanição e exaltações





Por todos os lados as hordas avançam. Sede de justiça; fome de pão; azia de acalanto e os olhos baços de esperança ou outra droga qualquer. Muita vez enchendo – se de razão, tomam moinhos de vento qual Bastilhas fossem. Há mesmo Esaús e Jacós a degladiar por uma mesma razão, brigando por dizer diferente o mesmo pesar que há tanto entala suas gargantas. E chovem pedras, num céu cinzento de mármore a recobrir o Sol da liberdade e seus raios fúgidos.



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Uma guerra civil traz, ironicamente, a imediata morte da civilidade. E somos todos órfãos de pais que punam, buscamos inconsciente razão para que nos parem. Por que tudo nos é dado a mão beijada? Merecemos um não, merecemos barreiras. Proibido proibir... Ahmm tá... Liberdade pra se estar preso a velhas formas do pensar, romântica glamourização de ter saudade de tudo que eu não vi ou vivi. Queremos mais que o direito de ir e vir  - buscamos o direito a que nos levem no colo. E muita vez não vemos, por mirar só o passado, que ainda somos o país do futuro. Ainda filhos de uma revolução líquida e difusora de readymades e autocorreções. Tudo tão acético! Errar ? Jamais! Para aprender, basta ser ler o coleguinha, escolher seu modelo e a carapuça vestir. Não, você não é o Cara. Não, você não é melhor que ninguém. E não, você não é um floquinho de neve especial, senão mais um peão na massa, a quem não se dá o direito de pensar (ou não), de ser, de não se encaixar. Escolha sua bandeira, desfralde e vista.

                                                                  

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“Apatia” é uma palavra quase tão bonita quanto “melancolia”. Mas bem menos confortável. Sentimentos são rotulados como tudo o mais, e assim é só buscar na rua a prateleira mais próxima e bradar aos quatro cantos: “Estou livre! Sinto!”. Nunca antes na história desse planeta fomos tão dependentes do outro, em especial de sua aprovação. Esse texto mesmo, jamais deveria sair da gaveta. São minhas palavras, minhas! Meu pensar e meu sentir. Deveria engolir essas palavras e digeri – las como achasse conveniente, e você também. E certamente não seria a primeira pessoa.

  
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Talvez eu seja pré – história. Talvez só precise de um regaço quente ou de orientação, alguém além de eu mesmo para ouvir chiar meu peito rouco. Talvez você me seja suficiente. Sem talvez, eu sei, nunca serei autossuficiente. Um mundo tão cheio de dúvidas que resta apenas uma certeza: Devemos ser infalíveis, ainda que no erro. E que errando, aprendamos a fazer diferente, e diferença. Aprender a caminhar ao tropeçar nos próprios sonhos, ideais que nos guiam pela noite escura. Só pra na sequência levantar e caminhar mais firme e convicto. Como nossos pais. 


terça-feira, 25 de junho de 2013

Guardo Um Sorriso Pro Fim?

Eu sou raça humana. Não sei de orgulho, tão pouco amor.

É, hoje é difícil. Tantas meias palavras da vida nessa narrativa de leitura horizontal muitas vezes confundida com romances russos (inspira, expira). A vida imita a arte nesta tragédia que é se ver sempre pelos próprios olhos. Das torres de marfim se canta com tanta empáfia o hino da bandeira embebida de humor amargo (prisão kafkiana de epíteto existência). Xinga-se a calça alheia de causas curtas. Veta-se com os punhos direção enquanto é, impetuosamente, empurrado por costas quentes. É covarde o suficiente para ouvir. O grito de socorro é sempre o mesmo.
O quadro psicológico é fundamentado por Rorschach no papel sujo de merda. Se quiser cura dos desejos infames, a vacina é em prece. Enquanto deus está morto e o homem não sabe tomar conta do legado, o secularismo é sequer posto em pauta. Filosofia chega a lugar algum.
Ao passo que a história não conta, o sorriso é desamor.

O futuro é uma criança a brincar num parque onde o presente é rei.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sem som





Escrever pra você é desviar-me do futuro. Escrever pra você é dizer não. Escrever pra você é fechar-se em clichê. É cuspir em pratos limpos. É viver o lúdico romance como um fóssil hostil. É pestanejar ao ejacular meu clima árido sob re duras penas, suja... sim, é uma pena.
É tentar ser valente caçando culpa, ao fazer troça do irreverente menor pistoleiro. É assistir um filme em preto e branco, sem som, do diretor dramático espanhol cult. É situar-me em instantes crônicos de uma lenda, sem sinal, sem vida. É protagonizar o velho, excêntrico e moribundo, sem paladar para novidades. É sugar o que resta da sua vida comigo, em minha varanda opaca, com nenhuma luz. É viver nesta prosa sem fim.

domingo, 2 de junho de 2013

Da incompetência de versejar.

Vocês sabem, né?
O menino aqui é péssimo em versejar.
Palavras bonitas? Vish! Sem chances! Mas hoje eu resolvi tentar um "poeminha". Bem básico, bem amador, mas inquieto.

Meus comparsas das rodadas de copos, da nostalgia do grupinho e da camaradagem é que são experts , por isso, este post é uma homenagem a nós, a vocês e aos agregados. Na nua e fria "realidade da guerra" que é o calor do meu ser, o velho rabugento do "oito ou oitenta" que vocês sempre gostaram - ? incógnita seguida por um silêncio fúnebre instala-se no recinto - da companhia.


/(in)-competência/

verseja, sem capacidade

vá prolixo, guie-se pela vontade
sem regras, agora, só
não ligue, ora, expurga aí ó!
ameniza, aplaca, suaviza, 
chora, enxuga, tranquiliza.
sonhar, desistir, falar, falar, falar.
levantar.
catarse, análise, alegria
etapa, crítica, alergia.
deus do tempo, dai-me luz
para que a incompetência não faça jus
que o tempo passe, que o poeta não mate o literário
que vossa literatura não seja fajuta, de cárcere a presidiário
só você lê, só você entende
mas ainda assim, solte, não prende!

poesia pros de talento,
mas no vácuo da incerteza, da inconsciência, eu não agüento.

o fardo? pesado 
motivo pelo qual o sopro do meu vento leva algo prolongado

desnecessário à alma
afaga e acalma

simplifica, incompetência é não amar,
portanto, deixe o vento levar..