quarta-feira, 16 de abril de 2014

Idílico e racional




"E o dos sentimentos os alimentam"




  As vezes, fechando meus olhos, não creio que possa de novo abri – los. Não vejo senão escuridão, quando c`olhar voltado pra dentro. Tornei – me incapaz de enxergar sem holofotes, inepto que estou em conceber imagens. E a culpa, mais uma vez, não é minha. Meu mundo me faz como sou.
  
  Não detenho de meios de criar metáforas; meu peito é improdutivo latifúndio de qualquer abstração possível e imaginável A culpa, desconfio com a exatidão clínica dum Descartes, é do mundo lá fora. 97% de certeza – pois que uma certeza absoluta seria por demais arrogante.



               
                                                                          *  *  *




  Noite densa. Nit, essa matéria primordial e escura, medo quase palpável. Cerva viva a limitar nossos ancestrais mais primevos, ainda é memória fresca, aviso claro às crianças que enxergam naquilo que não podem ver motivo de desespero. Dor pré-concebida, onde só a dor se pode gerar. Lar de toda obscuridade, fé naquilo que se sabe perdido.  Carecem dum auxílio que lhes venha num facho de luz qualquer.

   Assim sendo, o sentido da visão acabou sendo ao homem sábio tal e qual uma muleta a nos enfraquecer os demais. O homem urbanóide não encontra mais uso ao olfato, paladar, ou, mais grave, tato.Enxerga apenas e crê cego no que vê, passivo a ponto de não saber olhar, quando de olhos fechados.Se não lhes vem prontas, montadas, as imagens não lhes brotam de lugar algum. Inverbalizado, não sai de dentro. Não pode colher o imaginário mágico contido na palavra, meio, fim e definição em si mesma.
  
Mas são felizes e cantam e dançam, sábios e tolos indistintamente, e de suas cavernas (embora já longe da pré – história) não adivinham haver qualquer dano. Não que de fato haja. Assim vivem prenhes do que é raso, razoavelmente todos iguais. Como se pudessem de fato se – lo.

  Os que vivemos resguardados no calor das luzes artificiais, perdemos com o tempo a noção de quão escura e solene é a aterradora beleza da noite. E o quão pequenos somos ante nossas própria impotência e ignorância. 



            "O sentimento é abstrato, substrato da palavra. A palavra, concreto armado. Matéria prima de toda poesia."


terça-feira, 1 de abril de 2014

Carta pára.




Títulos e afirmações lhe parecem peculiar, não te entendo quando foges aos objetivos simples, também não entendo quando precisas disso para auto estimar. Quanto ao passado, também não entendo. Não entendo o frenesi que traz você até aqui. Não compreendo o porquê de ser assim, assim como não prezo pela forma tacanha que se refere a mim.  Sabes que não me conheces a ponto de ser meu amigo, sabes que é apenas um parente quase consanguíneo, por que finges gostar ou desgostar? Talvez prefira viver assim, preso, ancorado ao fundo insólito das conveniências, tão comum quanto o ar.


Apenas palavras, essas eu retornarei em breve. Quando está humilde, sensação de ser humilde, essa sempre parece ser tão enfadonha. Apesar de velho, quero o mundo encalhado na palma do celular, nunca precisarei sair daqui, nunca nessa vida. Este é o meu significado, apesar de viver na bolha que eu mesmo construí; longe disto, quero ainda uma nova ditadura, uma nova ditadura militar, daquelas que eu teria que me orgulhar, pois não penso, não vivo e não escrevo nada. Sou velho, e este é o meu último pedido.