quarta-feira, 18 de junho de 2014

Pemba







 O poeta pega o fogo ca mão firme de quem mexe num vespeiro. Bota toda a fé na dúvida.
Diante de si, duas velas. O fogo na mão, toca: uma pra Deus, outra pro Diabo. Quanto vento aguenta essa vela, quanta tensão!?


 Quanto ardor cabe num peito onde vagueiam mil amores amiúde, vadios amores a granel? Aqui não cabem senão sentimentos (ainda que mal idenificados, em suja essência). O ceticismo é bom companheiro do coração vazio.


Que urre, brade, brahme. Solte as amarras do Self. Vibre, vire, goze. Até o verme ama. Não se culpe, não há desculpa nem há proteção. Mas principalmente, nunca é alto o preço.



 Se mente, o poeta? Mente, deveras, que sente. Mas há mentiras táo belas que juro por deus, quisera, verdade fossem.





                                                                             *    *    *





"Eis que sou um buscador


daquilo que em mim se encerra


Morro lento, quando, em terra


mais fundo a raiz me alcança, meu amor


Pois que sou um buscador


de tudo quanto já tenho


Se mais se me aperta o cenho


é a força, a Nau que treme em teu derradeiro apreço, estertor."






                                                                       *    *    *



 O poeta pena, ácido em sua doçura, mais belo em sua amargura (qual fosse um sabiá) e a todos que toca fere. Tudo que toca, inflama. Incha. Expurga. Vive de inspiração, que assim é feita a poesia.

De fora pra dentro.

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